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Efeitos colaterais dos anticoncepcionais: descubra como afetam o intestino


Ao dar aulas ou conversar com pacientes e dizer que as pílulas contraceptivas causam impacto na microbiota intestinal de várias maneiras, frequentemente vejo espanto estampado no rosto dessas pessoas. Muitos não sabem desses efeitos colaterais dos anticoncepcionais

Ao longo dos anos, a comunidade científica realizou diversos estudos sobre o uso da pílula e seu efeito sobre as doenças inflamatórias intestinais, incluindo a doença de Crohn

Muitos desses estudos com propósitos, métodos, duração e tamanho da amostra diversos apontam para uma conclusão comum: há uma ligação direta entre o uso de contraceptivos orais e o aparelho gastrointestinal.

O estrogênio e os efeitos colaterais dos anticoncepcionais

Embora existam pílulas anticoncepcionais sem estrogênio, a maioria dos contraceptivos orais contém uma forma do hormônio. Esse componente pode ter um impacto na forma como o material passa pela parede do intestino e é enviado para o resto do corpo.

Contraceptivos orais também podem aumentar o risco de doenças inflamatórias intestinais e doenças autoimunes. 

Em um artigo de 2016, o Dr. Hamed Khalili, um gastroenterologista, revisou evidências de numerosos estudos sobre a relação da Síndrome do Intestino Irritável e pílulas anticoncepcionais hormonais. Ele encontrou uma ligação entre o microbioma intestinal, contraceptivos orais e os níveis de imunidade do corpo. 

Nas palavras de Khalili, "isso apoia a intrigante hipótese de que o microbioma intestinal está na encruzilhada de vias que ligam o uso de hormônio exógeno com a imunidade inata e adaptativa". 

Além disso, um estudo de 2016 - no qual o Dr. Khalili participou - descobriu que, se você já tem a doença de Crohn, tomar a pílula pode aumentar a necessidade de cirurgia.

Em revisão literária, o Dr. Khalili sugere que, além do fumo, o uso de contraceptivos orais é talvez o fator de risco ambiental mais consistente para a doença de Crohn. Ele adverte, no entanto, que os tamanhos das amostras para estudos anteriores são muito pequenos para serem completamente conclusivos.

Dois estudos de longo prazo - um iniciado em 1976, o outro em 1984 - acompanharam mais de 200.000 mulheres que estavam usando contraceptivos orais para ver se desenvolveram a Síndrome do Intestino Irritável. 

Embora as pesquisas tenham descoberto que as mulheres que tomaram pílulas tinham maior probabilidade de desenvolver as doenças intestinais, aquelas com maior probabilidade de desenvolver a doença de Crohn também tinham histórico de tabagismo.

Mudanças nos anticoncepcionais ao longo dos anos


Alguns outros fatores devem ser considerados ao avaliar essas informações. Primeiro, que a pílula que existia durante esses estudos é muito diferente da pílula que os médicos prescrevem hoje. Os níveis de estrogênio nos métodos contraceptivos hormonais são significativamente menores nos anos de 2010 do que nos anos 60. 

Além disso, como observado, menos mulheres tomaram a pílula quando os estudos começaram - significando que o tamanho da amostra era relativamente pequeno.

Finalmente, um estudo de 2008 descobriu que o tempo que uma mulher toma as pílulas anticoncepcionais hormonais é importante: o uso a longo prazo pode resultar em um risco maior de desenvolver a doença de Crohn ou outras formas de doenças intestinais.

Atualmente, dados apontam para uma forte associação entre contraceptivos orais e doença de Crohn; no entanto, não há risco suficientemente comprovado para que os médicos recomendem que seus pacientes - mesmo aqueles com maior risco - usem um método de controle de natalidade diferente. 

Ao mesmo tempo, já há evidências suficientes para que seja feita uso de nutracêuticos e assim, a manutenção do microbioma intestinal saudável enquanto se toma um contraceptivo oral.

Osteopatia pode ajudar contra os efeitos colaterais do anticoncepcional

Apesar da sua função relacionada à vida reprodutiva, os 50 anos de pesquisas mostram que os contraceptivos orais podem afetar o microbioma intestinal e aumentar o risco de desenvolver alterações intestinais e doenças crônicas. 

Além desses fatos, devemos lembrar que algo entre 60% a 70% da resposta imune de nosso organismo está ligada à biota intestinal e por este fato, conseguimos entender que o efeito dos contraceptivos não é maléfico apenas ao intestino, mas sim a todo o organismo.

Até que existam dados conclusivos sobre a extensão desses riscos, é interessante a ideia de atentar-se à integridade do seu intestino. 

Uma das formas de mantê-lo saudável é por meio da osteopatia, que se utilizará de métodos diagnósticos próprios para avaliar e tratar seu intestino. Em minha clínica, além do tratamento osteopático, realizamos os exames de termografia e nos utilizamos de terapias alimentares e dos nutracêuticos para um tratamento completo!

Pesquisas sobre efeitos dos contraceptivos

Abaixo, estão as referências usadas para a produção desse artigo sobre os efeitos colaterais dos anticoncepcionais: 

Cornish;E, The Risk of Oral Contraceptives in the Etiology of Inflammatory Bowel Disease: A Meta-Analysis, American Journal of Gastroenterology. 103(9):2394–2400, SEP 2008, 18684177

Hamed Khalili, Oral contraceptives, reproductive factors and risk of inflammatory bowel disease, Gut. 62(8):1153–1159, AUG 2013, DOI: 10.1136

Hamed Khalili,, Association Between Long-term Oral Contraceptive Use and Risk of Crohn’s Disease Complications in a Nationwide Study, Gastroenterology. 2016 Jun; 150(7): 1561–1567.e1., DOI: https://doi.org/10.1053/j.gastro.2016.02.041

Janet G. M. Markle1,  Sex Differences in the Gut Microbiome Drive Hormone-Dependent Regulation of Autoimmunity, Science  01 Mar 2013: DOI: 10.1126